De todos os textos que escrevi entre os meus 16 e 21 anos, talvez este seja o meu preferido. 17 anos passados sobre a escrita destas palavras, e com uma filha de quase 11 anos, este é o texto que nunca me passaria pela cabeça alterar, talvez pelos sentimentos que o percorrem, e provavelmente por ser de um género que não era o mais habitual em mim.Lembras-te?
Quando eu não era aquilo que sou,
Tinha pernas flácidas e pele a cheirar a lavanda; balbuciava verdades indesmentíveis e mentia sobre verdades desconhecidas.
Tinha um olhar doce, de uma melancolia delicada, cabelo penteado com mãos de encantar.
Braços estéreis, sonhadores, abertos para o futuro
medonho)
Lembras-te?
Quando eu não conseguia engolir os comprimidos,
mastigava-os)
Vivia a próxima primavera sem receios, não pensando que o Outono podia não chegar.
Chamava-te papá e ria desdentado; fazia asneiras tardiamente reconhecidas.
Dormia feliz com o urso de peluche ao meu lado...
Lembras-te do urso de peluche, não te lembras?!
Não?
Deixa estar! É natural
4 comments:
é engraçado que isto faz me lembrar um livro que se chama "a lua da joana"...conheces?
"Um dia mostro-te os meus textos".
Sempre fiquei curiosa. Parabéns, vejo agora como eram e continuam a ser bons.
Que tal uma compilação para um livro?
Ideia para o título: A vida ao contrário (pouco original mas para mim o mais certo!).
Tenho a certeza que se lembra...:)
Concordo com a Patrícia Cardoso.
Também tenho a certeza que se lembra....
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